Insuficiência cardíaca
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ICC nova vs. doença descompensada
O paciente com ICC nova, diagnosticada na emergência se apresenta com sintomatologia mais pulmonar, como dispneia, asculta grosseira ou com creptação e dessaturação periférica.
Por outro lado, aquele que já tem diagnóstico e descompensa tem sinais sistêmicos como edemas, congestão generalizada e hipervolemia. Também traz história compatível, como:
- Ingesta excessiva de sal e água;
- Consumo excessivo de álcool e uso de drogas ilícitas;
- Temperatura ambiente elevada;
- Doenças descompensadoras da IC¹;
- Falta de aderência ao tratamento e/ou falta de acesso ao medicamento;
- Esforço físico excessivo;
- Fibrilação atrial aguda ou outras taquiarritmias/bradiarritmias;
- Sobrecarga de líquidos IV durante a internação ou em internação recente;
- Intoxicação digitálica;
- Drogas que retém água ou inibem prostaglandinas: AINEs, esteroides, estrógenos, andrógenos, clorpropamida, glitazonas, minoxidil;
- Drogas inotrópicas negativas: antiarrítmicos do grupo I, antagonistas de cálcio (exceto amlodipina), antidepressivos tricíclicos;
- Drogas miocárdio-tóxicas: citostáticos como a adriamicina;
- Automedicação, terapias alternativas; e
- Fatores sociais (abandono, isolamento social).
Critérios de Framingham
Em caso de suspeita de ICC descompensada, o diagnóstico é clínico através da concomitância de dois critérios maiores ou um maior e dois menores:
Tipo | critérios |
---|---|
Maiores | cardiomegalia, turgência jugular, refluxo hepatojugular, dispneia paroxística noturna, ortopneia, crepitações pulmonares, edema agudo de pulmão e terceira bulha (galope) |
Menores | edema de tornozelos, tosse noturna, dispneia aos esforços, hepatomegalia, derrame pleural e frequência cardíaca acima de 120 bpm |
Perfis
A classificação atualmente proposta pela Diretriz 2018 é descritiva. As letrinhas ABCL/ABCD é um cacoete médico risível. Nã́o tem essa de paciente tipo C. É paciente frio e úmido! Porém, como se trata de uma besteira em voga, é preciso saber:
Perfil | Descrição | Conduta |
---|---|---|
A | quente e seco | alta e ambulatório |
B | quente e úmido | terapia diurética |
C | frio e úmido | terapias diurética e inotrópica |
L/D | frio e seco | fluidoterapia parcimoniosa |
Manejo imediato
ICC crônica agudizada
ICC aguda nova
Terapia inotrópica
Após retorno da estabilidade hemodinâmica e início do tratamento da causa, desmame dobutamina de forma extremamente lenta e cautelosa.
Terapia diurética
Vasodilatação
Vasodilate o paciente o máximo tolerável pela estabilidade hemodinâmica. Tolere hipotensão desde que tenha certeza clínica da boa perfusão.
Conduta concomitante e alta
Considere:
- Dosagem de peptídeo natiurético²;
- Ecocardiografia e eletrocardiografia;
- Monitorar balanços hidroeletrolíticos, função tireoideana, cinética do ferro e hematimetria;
- Radiografar o tórax³;
- Agendar reavaliação clínica preferencialmente em 7 a 14 dias após a alta;
Notas
- Hipertensão arterial sistêmica, tromboembolismo pulmonar, isquemia miocárdica, disfunção tireoidiana, diabetes descompensado, infecções, insuficiência renal, gravidez, depressão etc.
- Para esclarecimento diagnóstico se houver dúvida e para estratificação prognóstica no acompanhamento ambulatorial com o cardiologista.
- Avaliar a necessidade de radiografar para fins documentais do índice cardiotorácico e das condições de alta.
Referências
- Rohde LEP, Montera MW, Bocchi EA, Clausell NO, Albuquerque DC, Rassi S, Colafranceschi AS, et al. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq. Bras. Cardiol. 2018;111(3):436-59.
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