Introdução
- Muitos randomizados demonstraram a segurança na antibioticoterapia como alternativa na apendicite aguda.
- Porém a antibioticoterapia levanta a questão sobre a possibilidade de evolução neoplásica.
- Nos EUA, a população geral está sob uma incidência de neoplasia de apêndice em 0.97/100.000 pessoas-ano.
- Para os submetidos a apendicectomia, 0.5-1% desenvolvem neoplasia de apêndice.
- Existem sinais sugestivos de neoplasia em exames de imagem.
- Porém a acurácia da tomografia nunca foi estabelecida em estudo.
Sobre a neoplasia de apêndice para a população estudada:
- Qual a prevalência?
- Qual o tempo até detecçã́o?
- Qual o estágio neoplásico no pós apendicite aguda?
- Qual a acurácia da tomografia para sua detecção?
Comparison of Antibiotic Drugs and Appendectomy
- 1.552 pacientes em 25 hospitais em 14 estados americanos;
- 60% brancos, 9% negros, 6% asiáticos e 25% de outra raça ou múltiplas;
- 47% se declararam hispânicos;
- 63% homens e 37% mulheres;
- A média da idade foi de 38 anos.
- Nesta análise secundária: n=2084 pacientes;
- +1384 pacientes sem suspeita radiográfica por tomografia com critério de inclusão no CODA ou na coorte paralela;
- +678 sem suspeita por ultrassonagrfia transabdominal com critério de inclusão no CODA ou na coorte paralela;
- +22 excluídos do CODA principal por terem imagem suspeita de neoplasia (não-maleficência);
Critérios
- De imagem: se reportada evidência de massa ou outra indicação tumoral, de mucocele ou carcinomatose.
- Patologia: adenocarcinoma, HIGH ou LOW grade de neoplasia mucinosa, tumores neuroendócrinos ou pólipo serrilhado séssil.
- Estadiamento: de acordo com AJCC Cancer Staging Manual 8th.
Revisão
- NPV = (1 - falso_neg ) / total = 1 - 12/1384 = 0.9913
- PPV = positivos / total = 5 / 22 = 0.2272
Análise
- 12 (0.6% CI 0.3-1.4%) dos 2062 pacientes sem imagem suspeita tinham neoplasia de apêndice.
- A tomografia se revelou um exame de alto NPV e baixo PPV. O estudo contraindica o uso rotineiro da TC;
- A antibioticoterapia no paciente sem imagem suspeita atrasou o diagnóstico neoplásico em 8 meses;
- Nenhum paciente com neoplasia confirmada que foi tratado inicialmente com antibioticoterapia estava acima de estadiamento grau I;
- Todos pacientes tiveram estadiamento até IIB;
- O estudo contraindica a antibioticoterapia para pacientes jovens como conduta primária. A faixa etária dos pacientes com diagnóstico foi de 21-74 anos, contrariando estudos anteriores de predominância em idosos;
- Talvez a mais interessante indicação de vigilância com TC seja para pacientes com sintomas recorrentes;
- O CODA já havia sugerido que o melhor é vigiar o curso da antibioticoterapia;
Respostas
- Qual a prevalência entre apendicectomizados e não-apendicectomizados?
0.5-1%, tanto faz se inicialmente tratado com ATB ou cirurgia. - Tempo de detecçã́o?
A antibioticoterapia atrasou em média 8 meses a detecção. - Qual o estágio neoplásico no pós apendicite aguda?
Nunca maior que IIB. - Qual a acurácia da tomografia para sua detecção?
Baixa, PPV de 23%.
Limitações
- Neoplasias com apresentação em tempo superior ao do estudo;
- CODA muito criterioso;
- Número pequeno em termos de análise estatística populacional, apesar do broad range;
- Falta de radiologia e patologia revisoras de laudos e lâminas.
Referências
- Appendiceal neoplasms in patients treated with antibiotics for acute appendicitis: secondary analysis of the CODA randomized clinical trial. British Journal of Surgery, v. 110, n. 12, p. 1659-1662, 2023.
- CODA Collaborative. A randomized trial comparing antibiotics with appendectomy for appendicitis. N Engl J Med 2020;383: 1907–1919