A morte por asfixias
ATENÇÃO: PÁGINA EM CONSTRUÇÃO
Classificação
Diagrama da classificação de Afrânio Peixoto
- Puras: mecanismos puramente respiratório aéreo e suas alterações químicas.
- Complexas: envolve ainda os mecanismos circulatórios (carótidas) e nervosas (vago e laríngeo recorrente).
- Mistas: envolve um misto de mecanismos respiratórios e os complexos, em graus variados.
Geral
As asfixias se definem pela impossibilidade de oxigenação dos diversos tecidos. Quando leva a morte e é causada por atores externos, torna-se de grande relevância para a medicina forense.
Conceitos importantes:
- Anoxemia: insuficiente oxigênio na corrente sanguínea para troca adequada no tecido final.
- Hipercapnia: acúmulo de dióxido de carbono na circulação.
- Inibição: perda da resposta neuronal cervical por compressão, causando disautonomias como a apneia.
Sinais gerais de asfixias
- Vestígios como instrumentos e posição do corpo;
- Tendência a apresentar sangue fluido e de cor escura, pela predominância de sangue venoso;
- Cianose da face e leitos ungueais;
- Espuma na boca e narinas; e
- Equimoses externas.
A cianose é um fenômeno cadavérico encontrado normalmente quando o nível de hemoglobina não oxigenada atinge algo em torno dos 5%.
Asfixias puras
Cursam com anoxemia e hipercapnia.
Gases irrespiráveis
Monóxido de carbono
A caboxihemoglobina é de forte associação e impede a ligação de oxigênio, tornando predominante as hemáceas inúteis a respiração celular.
A morte ocorre, também, com depressão gradual do SNC e é indolor. Muito comum no suicídio, notadamente na sua forma egoísta. Observa-se hipóstases róseas carminadas.
Aqueles que sucumbiram sob o efeito do monóxido de carbono tem o sangue em cor vermelho vivo.
Cianeto
O gás cianeto chega à membrana mitocondrial do citocromo e a impede de manter a cadeia de transporte eletrônico, inviabilizando a produção energética a partir do oxigênio.
Outros gases
Lacrimogênio, gases densos, fumaças e vapor dágua podem substituir o ar respirável em ambientes confinados.
Confinamento
Transformação do meio
Afogamento
O verdadeiro afogamento é comumente chamado nos círculos de medicina legal como afogamento azul. O afogado azul é aquele que sofreu a asfixia submerso no líquido, por consequência da entrada deste nos alvéolos. Os afogamentos em que a morte é instantânea, antes mesmo da entrada de líquido nos bronquios bem como os já falecidos que são lançados para submersão em líquido para simular afogamento são chamados de afogados brancos1 e, no Brasil, esta última forma trata-se sempre de um crime.
Os achados do afogado real são o — nem sempre presente — cogumelo de espuma róseo, o avanço da mancha verde iniciada no tórax e não no abdome e a presença de materiais estranhos nas vias aéreas, de origem aquática ou do líquido origem do afogamento além do sangue rosado e claro, diferente de outros asfixiados, causado pela hemodiluição.
Um importante detalhe sobre o cogumelo de espuma é que sua formação se dá intravitam.
Materiais estranhos podem ser encontrados em todos os brônquios pois foram aspirados, diferentemente do falso afogado que geralmente apresenta corpos estranhos até a traqueia, ou, no máximo, até o brôquio primário. Nos leitos aquáticos naturais, é comum a presença no exame de plâncton nas vias aéreas.
No pulmão do afogado, podem ou não surgir petéquias e as manchas equimóticas lenticulares de Tardieu, mas é indispensável que estejam presente as manchas subpleurais equimóticas de Paltauf, sem as quais não fala em morte por afogamento.
Além disso, podem ocorrer a presença de água no estômago, o enfisema hidroaéreo do pulmão, a água nas vias respiratórias e a presença de líquido nos ouvidos.
Conduta no afogamento
graph TD; a(Resposta ao chamado) -- Não --> y(Desobstrua via aérea,
jawthrust, checar respiração
+ cuidado com trauma cervical) -- Sem
pulso carotídeo --> x(Morte/Grau 6) y -- Com
pulso carotídeo --> z(Grau 5) a -- Sim --> c(Ausculta pulmonar) -- Estertores
francos --> d(Pulso radial) -- Não --> m(Grau 4) d -- Sim --> gi(Grau 3) c -- Estertores leves
ou moderados --> l(Grau 2) c -- Normal
com tosse --> fim(Grau 1) c -- Normal
sem tosse --> lli(Resgate da cena)
Fases do afogamento
(Ver se convulsão ocorre no segundo ou terceiro momento)
- Defesa ou resistência: a vítima tenta conter a respiração o máximo possível, ocorrendo a contenção e a pausa ou apneia.
- Exaustão: ocorre atos respiratórios desordenados, com respiração forçada e difícil, por reflexo. a vítima inspira líquido profundamente com dispneia.
- Asfixia propriamente dita: perda da consciência, convulsões e morte.
Soterramento
Obstaculação
Sufocação direta
Obstrução das vias aéreas, notadamente na obstrução da boca e nariz ou nos engasgos laríngeotraqueais2.
Sufocação indireta
O tórax é impedido de se movimentar para executar ciclos inspiratórios.
As posições incompatíveis com a respiração (i.e. crucificação), as fraturas instáveis de tórax (mais de uma costela) e a tetanização (i.e. por eletricidade ou químicos) também causa desta modalidade de asfixia.
Observações
O soterramento é modalidade complexa, geralmente atribuível a substituição do meio por substância pulverulenta. Porém, dado que ocorrem sob condições extremas de compressão por grandes objetos e possivelmente posicionados diretamente nas vias áereas, tapamento oral ou outra forma, existe a classificação de soterramento em sentido amplo.
Asfixias mistas
Cursam com anoxemia, hipercapnia e inibição, de forma a confundir a causa principal de morte.
Esganadura
Asfixias complexas
Cursam com anoxemia, hipercapnia e inibição, de forma concomitante, tendo todos três fenômenos concorridos para morte.
Enforcamento
O osso hioide pode estar íntegro. A língua pode se projetar fora da boca (procidêncida).
No enforcamento podemos encontrar sinais de Livores distribuídos em torno ou nos próprios sulcos da lesão:
- Ponsold;
- Azevedo Neves;
- Neyding;
- Ambroise Paré;
- Thoinot.
Tipos de enforcamento:
- Típico: nó está situado na parte de trás do corpo da vítima.
- Atípico: Se dá quando o nó está localizado na parte frontal, ou mesmo lateral, do corpo da vítima.
- Completo: é aquele em que o corpo está totalmente suspenso, sem nenhum tipo de contato com o solo.
- Incompleto: o corpo da vítima toca, de alguma forma o solo, seja através dos pés, dos joelhos ou até mesmo do abdômen.
No enforcamento completo, os membros inferiores estão suspensos e os superiores, colados ao corpo, com os punhos cerrados mais ou menos fortemente. Na forma incompleta, os membros assumem posições as mais variadas.
Estrangulamento
A procidência da língua também é um sinal comum do estrangulamento.
Fases das asfixias
1ª fase: cerebral
Vertigens, enjoos, sensação de angústia e lipotimia (prestes a desmaiar). Perda do conhecimento de forma rápida e bradipneia taquisfigmia (respiração lenta) 1 a 2 minutos
2ª fase: excitação cortical e medular
Convulsões generalizadas, contrações dos músculos respiratórios e da face, emissão de matéria fecal/urina (relaxamento dos esfíncteres), bradicardia (batimento cardíaco lento) e diminuição da pressão arterial 1 a 2 minutos
3ª fase: respiratória
Movimentos respiratórios lentos e superficiais Insuficiência ventricular direita Acelera a morte 1 a 2 minutos
4ª fase: cardíaca
Sofrimento do miocárdio: batimentos do coração lentos, arrítmicos, quase imperceptíveis ao pulso 3 a 5 minutos
Anóxias
Anóxica
Enforcamento
Afogamento
Anêmica
Estase
Histotóxica
Bibliografia
França
-
O afogamento branco tem etiologia duvidosa. As teorias são as de que, durante o contato com água fria e, principalmente, gelada, haveria um forte reflexo neurológico de inibição do ramo vago, tornando a vítima incapaz de respirar; e a de que, durante o ínicio da aspiração de líquido, a glote se fecharia firmemente, impedindo a entrada de quaisquer fluidos — água ou ar. ↩︎
-
A obstrução de vias aéreas mais terminais como brônquios e bronquíolos dificilmente levam a asfixia fatal, uma vez que compromete parcialmente a troca gasosa. ↩︎
Ao topo!